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Publicado em 22/07/10 - Atualizado em 00/00/00


Poema - A Espera

A Espera
Esperava o transplante
Como a terra seca a ser semeada
A terra acredita na semente
Por isso também como uma semente: fé em Deus.
Enquanto isso...
Debaixo do meu lençol na enfermaria
Eu dormia.
 
Telefone toca
Um som normal e cotidiano
Que mudaria minha vida invade a casa
Ruth: mensageira da boa nova
Da espera
Esperança
Possibilidade
Mudança.
 
Muita alegria senti
Com muito medo fiquei
Por que? Explicar não sei...
Dizem que o rim é como um grão de feijão
Sou eu a terra mais fecunda
Pode plantar
Estou pronto
  
Como a terra que é remexida para ser plantada
Senti calafrios
A dor da certeza
Depois me conformei
A vida me reservava um novo momento
Eu quero cada segundo
 
Minha fístula ainda pulsa
Ela foi meu coração maior durante anos
Ponho agora sobre ela meus dedos
E sinto o relógio de minha vida
A bomba que me faz viver
Quando um dia ela parar
Sentirei que tudo finalmente acabou.
 
Cinco horas na máquina já não era um tempo
Desconhecido pra mim.
 
Era um paciente rebelde
Tudo comia
Mas a água, o bem sagrado nosso de cada dia
Era meu grande respeito e desejo.
 
Rins, feijões
Plantados, transplantados
Agora vai ser diferente
No meu grande encontro com a água
Ela regará os feijões
Rins em movimento
Vida nova,
Enfim.

 
 
 
 
Cezar Alberto Rodrigues
 


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